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Habilidade em matemática e de leitura é atribuída aos mesmos genes


Um conjunto comum de genes influencia no aprendizado da leitura e da matemática, com minúsculas variações influenciando as habilidades das criança na execução destas tarefas, revelou um estudo publicado nesta terça-feira na revista Nature Communications.
Mas esta competência não é apenas influenciada pela genética, pois a educação escolar e a ajuda dos pais também são contribuintes vitais, alertaram seus autores.
Sabe-se que o pendor precoce para a aritmética e a leitura e a escrita costuma acontecer em algumas famílias, mas os genes que influenciam estes fatores permaneciam desconhecidos até agora.
Cientistas estudaram um conjunto de dados, compilados numa pesquisa denominada Estudo de Desenvolvimento Precoce de Gêmeos ('Twins Early Development Study', no original em inglês), realizada com crianças de 12 anos de quase 2.800 famílias britânicas.
Os pesquisadores compararam irmãos gêmeos e crianças sem vínculos para analisar seu desempenho em provas de matemática, interpretação e fluência de texto, e depois compararam os genomas das crianças estudadas.

Eles descobriram que entre 10% e metade dos genes envolvidos na leitura também são relacionados com a matemática.
Minúsculas variações nestes genes compartilhados influenciam o nível das habilidades, destacou o estudo.
"Coleções similares de diferenças sutis de DNA são importantes para a leitura e a matemática", disse Oliver Davis, um geneticista da Universidade College de Londres.
"No entanto, também está claro como é importante nossa experiência de vida para nos tornar melhores em uma coisa ou em outra", acrescentou.
"O que nos forma como somos é uma interação complexa de natureza e educação à medida que crescemos", prosseguiu.
Robert Plomin, cientista e professor do King's College de Londres, disse que o estudo foi o primeiro a estimar o impacto do DNA sozinho na habilidade de leitura.
Mas, reforçou, as variações genéticas identificadas não são genes de "leitura ou aritmética" específicos.

Ao contrário, formaram parte de um mecanismo mais complexo no qual muitos genes exerceram, cada, um efeito pequeno, mas combinado, sobre a capacidade de ler.
"As crianças se diferem geneticamente na facilidade ou dificuldade de leitura, e nós precisamos reconhecer e respeitar estas diferenças individuais", disse Plomin.
"Descobrir uma influência genética tão forte não significa que não haja nada que possamos fazer se uma criança acha difícil ler", disse.
"A hereditariedade não significa que as coisas são imutáveis, significa apenas que pode representar mais trabalho para pais, escolas e professores fazer a criança acompanhar o ritmo", acrescentou.

Fonte: AFP