Últimas

Nanoarte retrata objetos do tamanho de milionésimos de milímetro

Em tamanho real, esses objetos não poderiam ser vistos nem com um microscópio

Editora Globo

MARGARIDA, Daniela Caceta

Desde o tempo das cavernas, a tecnologia ajuda a transformar e até a inventar as maneiras de o homem se expressar. A nanoarte, que já tem até um circuito regular de exposições, é um dos exemplos mais modernos desse fenômeno. Imagens como a desta página dependem de ciência de ponta para serem criadas e, é claro, vistas. Todas elas foram feitas no Projeto Nanoarte, parceria da Unesp e da UFSCar. Em suas horas vagas, químicos, físicos, engenheiros e técnicos em microscopia dão uma de artistas. Esta foto é de um nanocristal de óxido de zinco. Ele é testado para detectar umidade e como bactericida. Às vezes, preferem colori-lo como uma flor. Ciência ou arte? Ambos.
 
COLORIDO ARTIFICIALMENTE

Editora Globo
GOMA DE MASCAR, Ricardo Tranquili

As imagens da nanoarte são de materiais inorgânicos produzidos com técnicas especiais de síntese química, para as mais variadas aplicações — a nanotecnologia tem revolucionado áreas tão variadas como a exploração espacial e a medicina. O zirconato de bário desta página, por exemplo, tem sido testado para a decomposição de água para geração de energia. Depois de fabricados, esses produtos são analisados em microscópios eletrônicos de alta resolução — equipamentos que custam US$ 5 a 6 milhões. Apesar de caros, eles só produzem imagens em preto e branco. Toda nanoarte é colorida artificialmente. Estes "chicletes", por exemplo, levaram mais de um dia para ficarem prontos.

RECORTA E COLA

Editora Globo
MAÇÃ DO AMOR, Rorivaldo Camargo
 
Com o composto sintetizado, os cientistas usam as amostras para testes e analisam sua estrutura em microscópio. O zoom de milhares de vezes revela as mais variadas formas. A turma do laboratório vê o resultado e começa a brincadeira de identificar figuras nas nuvens. De uma mesma foto, eles recortam trechos familiares ou especialmente atraentes — muitas vezes um pequeno detalhe de uma foto maior —, pintam e colocam na moldura. Assim, um mesmo material pode render mais de um trabalho. Do óxido de índio e titânio, testado como semicondutor em chips da indústria eletrônica, a equipe do Projeto Nanoarte fez as obras Maçã do Amor (acima) e Pólen (abaixo).


Editora Globo
PÓLEN, Rorivaldo Camargo


PARA COLECIONADORES

Editora Globo
ESPIRAIS, Rorivaldo Camargo
 
Embora apareça apenas em 25º em um ranking global de produção em nanotecnologia divulgado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial, o Brasil já faz bonito no lado artístico: somos presença constante em mostras internacionais. Este ano, por exemplo, as duas imagens desta página participaram na Nanoart Israel, uma das principais da área. A do alto, Espirais, é uma forma nanométrica de hematita (óxido de ferro), usada para gerar energia em células fotovoltaicas. A imagem abaixo, Bolas de Tênis, é óxido de prata, material bactericida já usado em componentes de bebedouros e de secadores de cabelo.


Editora Globo
BOLA DE TÊNIS, Ricardo Tranquilin

OBRA EM PROGRESSO


Editora Globo
EM CONSTRUÇÃO, Ricardo Tranquilin
 
A produção nanotecnológica é liderada por Alemanha, EUA, França, Inglaterra e Japão. Estima-se que as descobertas desse ramo da ciência injetem cerca de US$ 1 trilhão na economia mundial até 2015. De olho nessa bolada, vários países criaram programas nacionais de nanotecnologia — incluindo o Brasil. Em fevereiro, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação anunciou a criação do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanociências e Nanotecnologias, para aumentar a interação entre pesquisadores da área. No mundo inteiro, pode-se dizer que a nanotecnologia está Em Construção — título desta obra feita de óxido índio, testado na Unesp para acelerar reações químicas e para chips mais modernos.