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Fóssil revela cérebro de estranha criatura de 520 milhões de anos

Cérebro fossilizado de Lyrarapax unguispinus foi descoberto (Foto: Reuters/Nicholas Strausfeld/University of Arizona)
Cérebro fossilizado de Lyrarapax unguispinus foi descoberto

Pesquisadores descreveram, nesta quarta-feira (16) restos fossilizados descobertos na China que mostram em detalhe as estruturas do cérebro de um estranho grupo de criaturas marítimas que eram os maiores predadores da Terra há mais de 500 milhões de anos.
Os fósseis mostram um animal chamado Lyrarapax unguispinus, que viveu durante o Período Cambriano, um momento crucial na história da Terra, quando muitos dos principais grupos de animais apareceram pela primeira vez. O Lyrarapax fazia parte de um grupo conhecido como anomalocaridídeos, parentes primitivos dos artrópodes – que incluem crustáceos, insetos e aranhas – que caçavam suas presas com um par de membros parecidos com garras que ficava na frente dos olhos. A descoberta foi publicada na revista “Nature”.

Apesar de os anomalocaridídeos não terem descendentes diretos vivos hoje em dia, as estruturas do cérebro dos Lyrarapax parecem aquelas dos chamados vermes-aveludados, que rastejam pelo chão em florestas tropicais e subtropicais do hemisfério sul.
Os pesquisadores dizem que as similaridades sugerem que os vermes-aveludaddos podem ser primos muito distantes dos anomalocaridídeos.
Os vermes-aveludados crescem alguns centímetros em comprimento, têm dois longos tentáculos que se estendem a partir da cabeça e têm numerosos pares de pernas atarracadas que terminam, cada uma, em um par de garras.

Camarão grande

O Lyrarapax, cujo nome científico significa predador com garras espinhosas em forma de harpa, viveu há 520 milhões de anos.
As partes moles do corpo de qualquer animal normalmente se decompõe após a morte, o que significa que os fósseis geralmente preservam apenas as partes duras, como os ossos, os dentes e as carcaças. Mas, sob condições excepcionais, tecidos moles e órgãos podem ser preservados em fósseis.
O Lyrarapax era muito menor do que outros anomalocaridídeos, medindo cerca de 15 cm de comprimento, mais ou menos o tamanho de um camarão grande. Peiyun Cong, um paleontólogo da Universidade Yunnan, na China, disse que os três espécimes encontrados “podem representar estágios imaturos do animal, então ele pode ser maior”.
Os fósseis revelam que os anomalocaridídeos possuíam cérebros muito menos complexos do que aqueles dos animais que eles comiam.
O neurocientista Nicholas Strausfeld, da Universidade do Arizona, também autor da pesquisa, afirma que a ameaça imposta por predadores como estes pode ter ajudado a incrementar a complexidade cerebral dos outros animais nos mares antigos.

Fonte: G1