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Nem sempre você sabe o que está falando - entenda

Nem tudo que dizemos é planejado (Foto: Melissa Wiese/Flickr/Creative Commons)

Você se lembra daquela vez em que você estava brigando com um amigo e ele argumentou que não quis realmente dizer o que havia dito? Pode ser que estivesse falando a verdade. Um novo estudo mostra que, às vezes, as pessoas acreditam que acabaram de dizer algo que, na verdade, não foi o que elas disseram.
Existe um modelo dominante de como o discurso funciona: você planeja com antecedência o que vai dizer. No entanto, pesquisadores acreditam que nem tudo é planejado — em parte, as pessoas saberiam o que estão dizendo apenas porque conseguem se ouvir.

O cientista Andreas Lind e seus colegas da Universidade de Lund, na Suécia, decidiram investigar o que aconteceria se alguém dissesse uma palavra, mas se ouvisse dizendo outra. "Se usarmos feedback auditivo para comparar o que dizemos quando estamos com uma intenção bem especifica, qualquer incompatibilidade deve ser detectada rapidamente", explica Lind.
As pessoas ouvem suas próprias vozes para ajudar a especificar o significado do que estão dizendo.
No experimento, de acordo com a Nature, os participantes tinham de responder quais cores viam em uma tela. Eles usavam fones de ouvido e, algumas vezes, escutavam uma resposta diferente da que tinham dado. Nesses casos, uma questão aparecia na tela perguntando o que haviam acabado de dizer.

A mudança não foi percebida em mais de dois terços das vezes — o participante aceita que diz a palavra errada, indicando que as pessoas ouvem suas próprias vozes para ajudar a especificar o significado do que estão dizendo. Os resultados foram publicados na Psychological Science.

Outro lado

Barbara Davis, que estuda a produção da fala na Universidade do Texas, define o trabalho como uma experiência criativa que oferece um "desafio interessante para o modelo dominante" do discurso pré-planejamento. Contudo, ela diz não achar que isso significa que não há planejamento na fala. Os adultos que perdem a audição, por exemplo, podem manter seu padrão de fala por um longo tempo antes de se deteriorar.

Fonte: Galileu