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Coalas podem desaparecer com aquecimento da Austrália

Mãe e filhote de coala são vistos no Zoológico de Duisburg, na Alemanha, em março (Foto: Marius Becker/DPA/Arquivo AFP)

Marsupial é símbolo do país e depende de árvores densas para se abrigar.
Pesquisa de 3 anos rastreou 40 coalas por satélite em Nova Gales do Sul.

O coala, marsupial que é um dos símbolos da Austrália, pode desaparecer em decorrência do aumento das temperaturas no país, a menos que ações "urgentes" sejam tomadas, advertiu um estudo publicado nesta quinta-feira (3). Entre as medidas, está o plantio de árvores que sirvam de abrigo aos animais e de eucaliptos, dos quais os bichos se alimentam.
O cientista que conduziu o estudo, Mathew Crowther, da Universidade de Sydney, disse que a pesquisa feita ao longo de três anos rastreou por satélite 40 coalas no estado de Nova Gales do Sul, no noroeste da Austrália, para examinar seus hábitos.

Esse foi o primeiro estudo a comparar onde os marsupiais escaladores de árvores passam seus dias e noites. A pesquisa descobriu que árvores grandes e maduras, com folhagens densas, são fundamentais para a sobrevivência dos animais, particularmente durante eventos de clima extremo, como incêndios florestais e ondas de calor.
"Nossa pesquisa confirmou que os coalas se abrigam durante o dia em diferentes tipos de árvores, e se alimentam de eucaliptos durante a noite", afirmou Crowther. "Descobrimos que, quanto mais quente é o dia, mais coalas tendem a procurar árvores maiores com folhagens densas para tentar escapar das temperaturas", acrescentou.

Apesar de serem muito seletivos com seus locais de alimentação – os coalas comem folhas de uma variedade pequena de espécies de eucalipto –, Crowther disse que a pesquisa descobriu que os animais encontrariam abrigo em uma variedade relativamente ampla de árvores, enfatizando o impacto do desmatamento sobre a vulnerabilidade dos bichos, à medida que as temperaturas da Austrália alcançam novos recordes.
Crowther afirmou que um quarto do grupo estudado foi dizimado pela onda de calor de 2009, que precedeu os incêndios florestais do Sábado Negro no país, uma estatística alarmante "em vista da frequência crescente de eventos climáticos extremos".
"Assegurar que um habitat tenha uma boa provisão de árvores alimentícias e proteger os coalas de predadores não é suficiente para assegurar sua sobrevivência", destacou o pesquisador.

"É preciso dar ênfase urgente à preservação das árvores mais altas e seguras (...) e ao plantio, tanto de árvores que servem de alimento quanto de abrigo, especialmente em áreas mais protegidas, para tentar mitigar o impacto das altas temperaturas", acrescentou.
Segundo o "think tank" sem fins lucrativos Climate Council, o mês de setembro foi o mais quente já registrado na Austrália, com temperaturas médias nacionais 2,75° C mais altos que a média de longo prazo.
Em um relatório publicado na quinta-feira sobre dados do Bureau of Meteorology, o conselho reportou que 2013 está no caminho de se tornar o ano mais quente já registrado na Austrália, superando a marca anterior, de 2005.

Uma investigação do governo do país sobre o destino dos coalas, que apresentou seus resultados em 2011, alertou que essas criaturas sonolentas e peludas estavam sob crescente ameaça e deveriam ser consideradas uma espécie ameaçada, com a queda vertiginosa de seu habitat.
Embora fosse abundante antes da chegada dos colonos britânicos, em 1788, agora acredita-se que restem 43 mil coalas na natureza, embora o fato de eles viverem no topo das árvores os torna uma espécie difícil de ser registrada.

Fonte: G1