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Pesquisadores sequenciam o genoma de fóssil de cavalo de 700 mil anos

É o sequenciamento de DNA de fóssil mais antigo já feito; pesquisadores dizem que abriram uma porta que pensaram estar fechada antes


Editora Globo
Cavalos selvagens (Foto: Wikimedia Commons)

Uma equipe de biólogos da Universidade de Copenhagem determinou o genoma (sequência de DNA) de um cavalo de 700 mil anos. É o mais antigo do mundo - até então o recorde pertencia ao sequenciamento de um urso polar de 110 mil anos.

“Abrimos uma porta que pensamos estar fechada antes. Tudo agora depende do progresso tecnológico, mas temos um monte de argumentos para acreditar que o futuro nos levará ao tesouro, e não a um beco sem saída”, disse o pesquisador Ludovic Orlando. 

A façanha só foi possível porque o pedaço de osso fossilizado analisado foi mantido em “segurança” sob uma camada grossa de gelo, no Canadá, em uma região próxima à fronteira com o Alasca. Assim, o DNA se manteve preservado em porções de colágeno, proteína presente no osso. Com o feito, os pesquisadores se animam com a possibilidade de ir ainda mais longe e sequenciar genomas de espécies com até 1 milhão de anos. 

O trabalho dos biólogos Eske Willerslev e Ludovic Orlando é focado em decifrar DNAs de espécies animais preservadas pelo gelo, além de se ocuparem de investigações sobre o empobrecimento da diversidade animal após a última era glacial. A possibilidade de identificar genomas de ancestrais humanos como o Homo erectus, que viveu entre 1,3 milhão e 300 mil anos atrás, existe, mas as chances de encontrar fósseis contendo DNA não-danificado é pequena. Isso porque as regiões mais extremas dos continentes, onde é mais frio, foram alcançadas apenas por grupos mais recentes. Em regiões mais quentes, o DNA tem vida média de 20 mil anos. O genoma ancestral mais antigo já sequenciado é o do fóssil do hominídeo de Denisova, encontrado em caverna da Sibéria, com idade próxima a 40 mil anos. 

“Em condições muito frias, cerca de 10% de pequenas partes das moléculas tem uma chance boa de sobreviverem por um milhão de anos”, disse Orlando à AFP. 

O genoma do cavalo de 700 mil anos foi comparado com o de um parente seu de 43 mil anos e com o de cavalos e zebras modernos. “Nossas análises sugerem que a linhagem Equus que deu origem a todos os cavalos contemporâneos, zebras e burros tiveram origem entre 4 e 4,5 milhões de anos atrás, o dobro do tempo convencionalmente aceito”, diz o estudo. 

“Abrimos uma porta que pensamos estar fechada antes. Tudo agora depende do progresso tecnológico, mas temos um monte de argumentos para acreditar que o futuro nos levará ao tesouro, e não a um beco sem saída.” 

Fonte: Galileu