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Estrelas e planetas da missão Kepler são maiores do que se pensava

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Aurora de um enorme exoplaneta gasoso, formada pelo fluxo de partículas energéticas de sua estrela hospedeira.

Uma equipe analisou os dados de um telescópio “caçador de planetas” da NASA e descobriu que a maioria das estrelas monitoradas pela missão Kepler – e os planetas em sua órbita – são maiores do que se esperava. A descoberta dificulta a busca por planetas menores, semelhantes à Terra.
A equipe utilizou um telescópio relativamente grande, instalado no Observatório Nacional Kitt Peak, para sondar 268 estrelas, das quase 3.000 que estão sendo monitoradas.
O telescópio mede leves alterações na quantidade de luz emitida por estrelas similares ao Sol. A ideia é captar o momento em que alguns planetas, ao passar por elas, bloqueiam a luz em relação à linha de visão do telescópio. A porcentagem da luz bloqueada está diretamente relacionada ao tamanho do planeta ou planetas em trânsito. Um telescópio posicionado para perscrutar o Sistema Solar, por exemplo, veria cerca de 1% da luz emitida durante os trânsitos de Júpiter.

“Se quisermos saber o raio do planeta com precisão, temos que calcular o raio da estrela pela qual ele transita. É simples assim”, resumo o astrônomo Steve Howell, do Centro de Pesquisa Ames da NASA, em um encontro da Sociedade Astronômica Americana realizada esta semana em Indianápolis.
Howell e seus colegas descobriram que quase todas as estrelas monitoradas são ligeiramente maiores que os cálculos originais, sendo que um quarto delas é no mínimo 35% maior do que o esperado.
“Isso significa que os exoplanetas são maiores do que pensávamos”, disse Howell, acrescentando que seria preciso reavaliar os 132 planetas confirmados pela missão Kepler para possibilitar um cálculo preciso do tamanho das estrelas hospedeiras. No entanto, a análise de outros 2.740 “candidatos” a planetas ainda aguardam confirmação.

Os novos resultados reduzem o número potencial de planetas do tamanho da Terra, observou o astrônomo Mark Everett, do Observatório Nacional Óptico Astronômico, que opera os telescópios do Kitt Peak, entre outros.
Outra implicação da pesquisa é que as estrelas maiores nas chamadas “zonas habitáveis ” – as regiões onde os planetas orbitantes poderiam apresentar temperaturas compatíveis com a água líquida, condição necessária à vida – estão mais distantes do que os cálculos originais indicavam, já que são mais brilhantes e irradiam mais calor.
“Para ocupar a zona habitável, os planetas precisariam estar em períodos de órbita ligeiramente mais longos em relação às estrelas maiores”, explica Howell. Isso também significa que alguns planetas supostamente rochosos, com base em sua proximidade da estrela-mãe, podem ser corpos gasosos gelados.

“Desde o início da missão Kepler, quando começamos a confirmar planetas e calcular a distância das primeiras estrelas, havia indícios de que as estrelas mais brilhantes eram maiores e mais evoluídas do que imaginávamos”, declarou Howell.
“Por isso não ficamos tão surpresos, mas acredito que essa grande amostra uniforme, de fato, comprova que o efeito é verdadeiro. Há uma relação estatística que não pode ser ignorada”, acrescentou.

Fonte: Discovery