Angola 'bate' europeus e americanos e terá tecnologia de celular 4G
Já se passaram dez anos desde o final da Guerra Civil em
Angola, e o país vem dando passos largos na reconstrução da sua economia, que
deve crescer 8% apenas este ano. Muito disso se deve às enormes reservas de
petróleo do país, que é hoje o segundo maior produtor na África. O acelerado
crescimento econômico levou a um boom de infra-estrutura.
Isso fica claro para quem visita a capital Luanda, onde uma série de torres
modernas de vidro e aço estão mudando a paisagem da cidade.
Agora os angolanos estão prestes a ter acesso à tecnologia 4G de telefonia
móvel – o que coloca o país na frente do Brasil e de vários lugares na Europa e
nos Estados Unidos, graças a um projeto estimado em US$ 100 milhões.
Com isso, será possível baixar dados via celular em Angola com velocidade
superior a de Londres. No Brasil, o processo de licitação para a tecnologia
recém começou no mês passado. O objetivo do governo é que todas as cidades-sedes
da Copa das Confederações tenham internet móvel de quarta geração até abril de
2013.
Executivos acreditam que tecnologia superior pode acelerar
ainda mais o crescimento de Angola
China
A operadora Movicel é uma das maiores da África. O chefe de operações da
empresa, Antonio Francisco, afirma que o setor de telecomunicações é estratégico
para que Angola possa continuar crescendo em ritmo acelerado.
"Nós não podemos pensar em crescimento na economia a não ser que a
infra-estrutura de telecomunicações seja bem-feita. O que estamos fazendo é
trazer uma tecnologia de ponta que possa nos dar a melhor banda larga móvel
possível."
A Movicel fez uma parceria com a gigante de telefones chinesa ZTE para
colocar a rede 4G em funcionamento em Angola. A ZTE vai fornecer todos os
equipamentos – inclusive os aparelhos de celular. A companhia também terá um
papel fundamental na modernização de toda a rede da Movicel, um projeto estimado
em US$ 1 bilhão.
Mas apesar da grandeza do projeto, a maioria dos empregos gerados pela ZTE
está na China, e não em Angola.
"Nós não conseguimos nem mesmo produzir os telefones e o equipamento aqui",
diz Frank Mei, que é diretor da ZTE em Angola. "Para ser sincero, o nível de
educação neste país ainda é baixo. Eu acho que é por causa da guerra."
"Durante a guerra, todos os recursos educacionais daqui abandonaram o país.
Eles só começaram a construir um sistema de educação agora. Na nossa indústria,
a maioria dos engenheiros qualificados vêm do exterior."
A fase inicial do 4G levará a tecnologia a 15 cidades de grande população,
incluindo a capital Luanda e a região de Cabinda, que é grande produtora de
petróleo. A fase seguinte do projeto inclui outras 30 cidades.
Chinês Frank Mei diz que nível de educação em Angola ainda é
baixo
A operadora espera ter um milhão de clientes até o final do ano. Isso faz
parte de um plano para expandir o número de clientes – dos atuais 4,5 milhões
para sete milhões no futuro.
A Movicel também vai encomendar uma série de computadores tablet com
tecnologia 4G.
Pobreza
Não há dúvida de que o crescimento econômico trouxe prosperidade a muitos. A
revendedora local da Porsche de Angola tem inclusive reclamado de excesso de
demanda na sua loja.
Mas é importante lembrar que Angola ainda é um país pobre, onde 70% das
pessoas vivem abaixo da linha da pobreza.
Diante deste cenário, o 4G pode prosperar no país? "Nós estamos jogando um
jogo para o futuro", diz o diretor-executivo da Movicel, Yon Junior.
"Nós estamos construindo uma rede elegante para acelerar o crescimento
econômico deste país. Mas não é só uma questão de tecnologia. É preciso ser
barato e de acordo com a capacidade que este país tem para pagar."
Para o executivo, a empresa precisa incluir mais os angolanos. "Mais de 95%
de nossa equipe técnica é formada por angolanos. E temos grande apoio da empresa
chinesa na transferência de conhecimento e experiência."
Com Angola olhando para o futuro, tecnologia e telecomunicações têm um papel
fundamental na revolução econômica do país. A chegada do 4G é um demonstração
poderosa dessas transformações.
Fonte: BBC Brasil