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Gripe ameaçada de extinção?


Em um futuro próximo, aquelas duas semanas do ano em que a maior parte das pessoas fica com febre, espirra de dois em dois minutos e gasta toneladas de lenços de papel para assoar o nariz inchado e avermelhado não existirão mais. Também não será mais necessário ir ao posto de saúde para tomar uma nova vacina a cada 12 meses — a regra será tomar uma única dose que valerá por toda a vida. Isso porque dois grupos de cientistas finalmente criaram protótipos de uma vacina que pode fazer o que parecia impossível: curar a gripe de uma vez por todas.

Hoje, as vacinas têm uma espécie de “prazo de validade” porque o vírus responsável pela doença, o Influenza, tem capacidade de mutação. A vacina, como se sabe, usa partes do vírus morto para “incentivar” o organismo a produzir anticorpos que, no futuro, podem proteger o corpo dos ataques de vírus vivos (aqueles que estão sempre à espreita na catraca do ônibus e na escada rolante do metrô). Só que, depois de um tempo, os vírus vivos já são muito diferentes do vírus morto da vacina, e o corpo deixa de reconhecê-los. É aí que começa a dor de cabeça (literalmente).

Na esperança de vencer o Influenza, há alguns anos duas equipes de pesquisadores, uma do Instituto Crucell Vaccine, na Holanda, e outra do Instituto Nacional de Saúde de Maryland, nos Estados Unidos, passaram a estudar uma proteína chamada hemaglutinina (HA), que é encontrada na superfície do vírus. A proteína possui duas partes: a cabeça, que é a responsável pela mutação, e o talo, que permanece o mesmo. Por isso eles decidiram “programar” os anticorpos para lutar somente contra o talo, a parte da proteína que nunca muda.

Os primeiros testes foram feitos recentemente com animais. As equipes injetaram o H5N1, uma forma letal do Influenza, em um grupo de ratos. Aqueles que tinham sido vacinados sobreviveram, e o restante morreu. Também foram realizados experimentos em furões. Dois dos seis animais vacinados foram infectados e morreram. Como o sistema imunológico dos furões é mais parecido com o dos humanos, os cientistas ficaram mais atentos a esses resultados. As conclusões ainda não são definitivas, e novos testes serão feitos, mas as primeiras descobertas em relação à estrutura da HA são bastante promissoras.

Fonte: Galileu