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'Panda-preguiça': ciência explica por que o urso é tão lento

Estudo publicado na 'Science' descreve como, para sobreviver à base de bambu, o panda tem um gasto calórico diário muito baixo, o que os deixa preguiçosos e lerdos

Viver à base de bambu é um problema para os pandas. Com o sistema digestivo de carnívoros, mas sobrevivendo há pelo menos 2 milhões de anos com uma dieta composta em 99% pela planta, o organismo do urso precisa fazer malabarismos. 

A última estratégia descoberta pelos cientistas é que os pandas gastam em torno de um terço da energia de ursos comuns, o que os deixa com comportamento parecido com o de bichos-preguiça, de acordo com estudo publicado nesta quinta-feira (9) na revista Science. É por precisar de poucas calorias para se manter que eles conseguem se sustentar com uma planta tão pobre em nutrientes.

Urso lento - Para descobrir isso, os pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências de Pequim mediram o gasto energético diário de cinco pandas cativos e três selvagens. As análises revelaram que eles têm 38% da taxa esperada para mamíferos terrestres com a mesma massa. Os pandas têm cérebro, fígado e rim menores que os de outros ursos e, em dias normais, a atividade da tireoide (glândula que produz hormônios que estimulam o metabolismo) é comparável à do urso negro em hibernação. Com a ajuda de GPS instalados nos animais, os cientistas descobriram também que eles são muito pouco ativos. Parecem mesmo lentos e preguiçosos. Além disso, a análise do DNA dos pandas revelou uma variação genética no gene DUOX2 que, em humanos, provocaria o hipotireoidismo, doença relacionada à baixa vitalidade.

Segundo os cientistas, essas características ajudam a explicar como esse urso consegue viver com uma dieta baseada em uma planta que oferece pouca energia. Eles passam 14 horas por dia mastigando cerca de 15 quilos de bambu. No entanto, os pesquisadores ressaltam que a dificuldade em digerir o alimento e o pouco gasto calórico não estão relacionados aos baixos níveis da população de animais, muito perto da extinção.

Fonte: VEJA e Science