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Biólogos encontram vínculos entre vermes, moscas e humanos

A mosca de fruta (Drosophila melanogaster): mais coisas em comum com vermes e humanos do que se imagina
A mosca de fruta (Drosophila melanogaster): mais coisas em comum com vermes e humanos do que se imagina

Biólogos afirmaram nesta quarta-feira (27) que a máquina genética de seres humanos, moscas das frutas e vermes nematódeos é surpreendentemente similar em muitas formas, em uma descoberta que pode ajudar as pesquisas básicas sobre doenças.
Um consórcio formado por mais de 200 cientistas comparou o genoma do homem moderno com o de duas criaturas amplamente estudadas em laboratório: a mosca das frutas ("Drosophila melanogaster") e uma criatura microscópica denominada nematódeo ("Caenorhabditis elegans").
Embora as três espécies sejam obviamente diferentes, a evolução usou "ferramentas moleculares notavelmente similares" para formá-las, afirmam os cientistas.

As três compartilham muitos genes e grande parte das chaves para ativar e desativar estes genes, segundo artigos publicados na revista científica Nature.
"Quando observamos as moscas e os vermes, é difícil crer que os humanos tenham algo em comum com eles", afirmou Mark Gerstein, professor de informática biomédica da Universidade de Yale.
"Mas, agora, nós acreditamos que podemos ver semelhanças profundas neles que nos ajudam a interpretar melhor o genoma humano", prosseguiu.
Cerca da metade dos genes associados com cânceres e outras doenças hereditárias em humanos também existem no genoma da mosca das frutas, afirmou Sarah Elgin, professor de Biologia da Universidade de Washington em St. Louis, no Missouri.

A descoberta poderia ser usada para afinar as pesquisas sobre terapia epigenética, acrescentou.
A epigênese é a chave que determina se um gene é silencioso ou funcional. Eles são influenciados pela idade avançada e estresse ambiental, como a exposição a tabaco ou ao álcool.
Empresas farmacêuticas estão amplamente interessadas em medicamentos capazes de "reparar" genes disfuncionais. Mais de 70 medicamentos para tratamento epigenético são projetados só para tratar o câncer. Outras doenças alvo importantes são diabetes e mal de Alzheimer.

Elgin explicou que os desenvolvedores de medicamentos precisavam tomar cuidado para que estes novos tratamentos não perturbem o maquinário epigenético que permeia o código genético humano, impondo um efeito colateral de forma similar à quimioterapia.
Segundo ela, testar teorias primeiro em organismos modelos, como a modesta mosca das frutas, poderia ser de grande ajuda.

Fonte: AFP