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10 animais muito mais espertos do que você pensa

Existe um extenso debate sobre o que “inteligência” significa. De acordo com o livro “The Smartest Animals on the Planet: Extraordinary Tales of the Natural World’s Cleverest Creatures”, de Sally Boysen e Deborah Custance (em português, “Os animais mais inteligentes do planeta: extraordinários contos das criaturas mais espertas do mundo natural”), recentemente revisto e atualizado com novos estudos e seções, a inteligência animal pode ser medida em algumas categorias, como aprendizagem social, autorreconhecimento, habilidades numéricas, compreensão da linguagem, cooperação com os outros e altruísmo.
 
A maioria dos animais no livro são os que você esperaria: macacos, golfinhos, papagaios… Mas há uma enorme quantidade de animais altamente inteligentes que ninguém imaginaria que o são, como esquilos, dragão de Komodo, insetos…
Moral da história: se você quer um animal de estimação inteligente, melhor ir de corvo domesticado do que cachorro ou gato. Confira alguns animais mais espertos do que você pensa:
 
1 – Corvo-da-nova-caledônia
O corvo-da-nova-caledônia é um membro da família Corvidae, que inclui corvos, gaios e gralhas. Os corvídeos são considerados as espécies de aves mais inteligentes, e suas habilidades com ferramentas rivalizam ou superam as dos grandes macacos. Também, suas habilidades para resolver quebra-cabeças estão no nível de uma criança de 5 anos de idade.
Corvos são os únicos não primatas que completam o teste “pau e tubo” de forma consistente. Nesse teste, um pedaço de comida é colocado na metade de um tubo transparente. Uma vara longa é colocada nas proximidades. Para conseguir a comida, o animal tem que usar a vara para puxar a comida para fora do tubo. Corvos concluem esta tarefa fácil e espontaneamente, sem ter que ver outro corvo fazendo-a primeiro, e até mesmo sem nunca ter visto um tubo transparente antes.
 
O corvo-da-nova-caledônia é também a única espécie não humana que inventa novas ferramentas, modificando ferramentas existentes. Ele também compartilha suas novas criações com outros corvos em seu grupo social.
O corvo é capaz de usar ferramentas para recuperar outras ferramentas, e criar instrumentos a partir de materiais que nunca viu na natureza – novamente, o único não humano a fazer tal coisa. Em um experimento da Universidade de Oxford (Reino Unido), dois corvos foram presenteados com dois tipos de fio de arame, um em forma de gancho e outro reto. O arame em forma de gancho era necessário para obter um balde pequeno com alimentos a partir de um tubo. Mas quando um dos corvos agarrou o fio em forma de gancho e “fugiu”, o segundo corvo dobrou o fio reto em um gancho e pegou a comida. Esses corvos nunca tinham visto arame antes.
 
2 – Lagarto-monitor
Muitos lagartos não são inteligentes, mas o lagarto-monitor é (lagartos da família Varanus). Estudos têm mostrado que eles podem “contar” até seis: em um experimento, eles receberam uma sequência de caracóis – quatro no início, depois até seis -, para condicioná-los a esperar esse número. Depois de terem comido todos os quatro caracóis, eles eram levados a outro lugar com mais quatro. Quando recebiam apenas três, os lagartos condicionados esperavam pelo quarto caracol e continuavam a procurá-lo mesmo com o lugar com caracóis bônus acessível.
 
Lagartos também são conhecidos por trabalhar em conjunto para garantir a alimentação: um atrai uma crocodilo fêmea para longe do seu ninho, enquanto outros mastigam seus ovos. O lagarto que foi a distração, então, volta para o ninho para comer alguns ovos também.
Os dragões de Komodo, um tipo de lagarto-monitor, do Zoológico Nacional em Washington (EUA) parecem reconhecer seus cuidadores. Lembrete: dragões de Komodo têm 3 metros de comprimento e às vezes comem pessoas.
 
3 – Portia labiata
Portia labiata é uma espécie de aranha saltadora encontrada principalmente no sudeste da Ásia. Ela é uma grande caçadora, frequentemente chamada de “gato de oito patas”, devido à inteligência e engenhosidade de suas caças. Portia pode improvisar técnicas de caça e, em seguida, por tentativa e erro, lembrar-se quais são mais eficazes contra qual tipo de presa.
Suas técnicas muitas vezes demonstram um nível bastante elevado de inteligência, ou pelo menos astúcia, principalmente porque caça outras aranhas, que geralmente já são caçadoras inteligentes. Ela usa desvios e persegue presas perigosas para encontrar o melhor ângulo de ataque, mesmo que se esse trabalho exija horas e signifique perder de vista a presa.
 
Talvez a sua técnica mais assustadora seja um jogo de mímica para atrair presas. Todas as aranhas que tecem teias as usam como uma espécie de extensão de seus sentidos, já que podem sentir vibrações de todos os tipos para reconhecer o que pode ser saboroso e o que pode ser perigoso. Mas Portia é uma talentosa imitadora: ela é capaz de fazer um som que pode atrair uma aranha pensando que vai comer uma mosca, e que acaba na verdade sendo comida pela Portia.
 
4 – Ratos
Os ratos não são clássicas cobaias e animais de laboratório apenas porque são comuns: eles são geralmente escolhidos porque suas estruturas sociais são semelhantes às dos seres humanos em muitas maneiras. Uma vez que o nosso entendimento de “inteligência” se liga fortemente a nossa própria inteligência, temos a tendência de classificar os animais como inteligentes quando eles se comportam como nós.
Os ratos são capazes de contar. Em um experimento, ratos tiveram que aprender que a comida estava na quarta de uma linha de caixas. Depois de aprender isso, não importa quantas caixas foram colocadas, seu tamanho, cor ou forma, os ratos foram capazes de escolher a quarta e pegar a comida.
 
Outro estudo testou suas habilidades numéricas como temporizadores: a maioria dos animais não pode medir intervalos de tempo, mas os ratos, quando condicionados a pressionar um botão para obter alimentos a cada 15 segundos, conseguiram contar o tempo com precisão em suas cabeças.
Os ratos também demonstram um comportamento altruísta, um elemento-chave de inteligência social. Em um estudo, ratos abriram gaiolas para livrar outros ratos, mesmo quando não havia nenhuma recompensa óbvia para tanto.
 
5 – Calau-africano
Calau-africano é uma das poucas espécies de animais que podem compreender outras linguagens animais (como um ser humano que fala uma segunda língua além da sua nativa).
Um estudo da Universidade de St. Andrews (Reino Unido) descobriu que essa ave podia compreender os chamados do macaco-diana. Esse macaco é capaz de fazer chamadas de alerta distintas para outros macacos com base em possíveis predadores. O alerta para um leopardo é diferente do alerta para uma águia, por exemplo. Os pesquisadores notaram que os calaus-africanos se espalhavam ao ouvir o aviso para a águia, mas não para o leopardo, porque o leopardo não representa uma ameaça a um animal que pode voar.
Pesquisadores testaram se o conhecimento da ave estava mesmo ligado ao chamado do macaco, reproduzindo gravações de ambas as chamadas. Com certeza, os calaus responderam apenas ao aviso da águia.

6 – Peixe mosquito do oeste
Esse peixe do grupo de carpas dentadas é um animal de água doce pequeno, normalmente introduzido em áreas com muito mosquito para comer suas larvas. Também demonstra a capacidade de distinguir entre o tamanho de grupos – em outras palavras, pode contar. Até quatro, pelo menos.
Em um experimento realizado pela Universidade de Padova, na Itália, fêmeas da espécie sendo assediadas por machos trocaram de grupo para um maior – é sempre melhor escolher um grupo de quatro do que um grupo de três. Depois de quatro, a sua escolha parecia ser aleatória. Isso pode parecer simples, mas a maioria dos animais (e, certamente, a maioria dos peixes) não tem nenhum sentido numérico.
 
A descoberta é semelhante à outra feita com leões. Leões podem contar o número de rugidos de leões desconhecidos, e reagir de acordo, enviando um número seguro de leões para investigar. Um rugido de dois leões indica que pelo menos dois ou três leões devem investigar os possíveis inimigos, enquanto um rugido de três leões pede que no mínimo quatro investiguem.

7 – Morcego-vampiro
O morcego-vampiro pode não parecer um bom trabalhador em equipe, mas é – demonstra inclusive certa inteligência social avançada. É do interesse de um animal pequeno como o morcego manter uma comunidade saudável para ajudarem uns aos outros.
O morcego-vampiro, em especial, é capaz de altruísmo recíproco – basicamente, fazer favores. Uma pesquisa de Gerald Wilkinson mostrou que esses morcegos compartilham comida (= regurgitam sangue) com outros que estão com fome, independentemente de parentesco.
Na verdade, eles até parecem acompanhar e se lembrar de quem compartilhou comida com eles no passado, sendo muito mais propensos a retribuir o favor para aqueles que foram generosos com eles em uma ocasião anterior.

8 – Esquilos
A maioria dos animais que conseguiu se adaptar às cidades é muito inteligente. Guaxinins, por exemplo, são animais curiosos. Mas mesmo o esquilo cinzento mostra uma grande dose de astúcia, principalmente através de seu sentido finamente afiado de “paranoia”.
Esquilos cinzentos sabem “enganar”: eles fazem enterros elaborados, como os que fazem para armazenar alimentos, só que não colocam comida lá. Um estudo da Universidade de Wilkes (EUA) descobriu que cerca de um quinto de todos os enterros de alimentos de esquilo são falsos. Esse percentual sobe quando o esquilo está sendo vigiado. Esse é o único estudo que mostrou comportamento de engano em um roedor.
 
Esquilos selvagens no oeste dos Estados Unidos mostram um comportamento altruísta também. Esquilos têm dois tipos de chamadas (alarmes): um “apito”, para predadores aves, o que faz com que todos os esquilos corram para suas tocas, e um “trino”, para predadores de terra, que faz com que todos os esquilos fiquem alertas e olhem ao redor para ver o que está acontecendo. O apito é egoísta: com todo o movimento, o predador não consegue saber quem deu o alarme. Mas o trinado traz mais atenção para o esquilo que alertou os demais. As fêmeas são as únicas que dão esse alarme perigoso, muitas vezes quando estão perto de jovens vulneráveis.

9 – Lagarto anole verde
Esses lagartos de Porto Rico, vendidos em lojas de animais de estimação, foram o tema de um experimento na Universidade Duke (EUA) que mostrou que sua capacidade de aprender é muito maior do que se pensava anteriormente. O anole foi apresentado pela primeira vez a dois poços de pequeno porte, um vazio e outro com um verme, mas coberto por uma tampa. Os anoles rapidamente aprenderam a retirar a tampa para comer o verme, um comportamento nunca exibido na natureza.
Em seguida, ambos os poços foram cobertos, um com uma tampa brilhante e outro com uma não brilhante, com a comida sob o tampão brilhante. Os lagartos conseguiram descobrir isso rapidamente e retirar a capa brilhante toda vez. Os pesquisadores resolveram trocar a comida de poço, e os lagartos desaprenderam o que sabiam após apenas algumas tentativas, aprendendo dessa vez a ir para a tampa não brilhante. A maioria das aves, em geral mais inteligentes do que os lagartos, não é capaz de resolver este teste tão rapidamente.

10 – Abelha
A abelha tem um dos mais complexos sistemas sociais entre os animais, e tem sido estudada mais do que a maioria dos invertebrados, mas muito sobre sua inteligência ainda é desconhecido.
O elemento mais controverso sobre o comportamento da abelha é sua “dança”. Ao retornar para a colmeia depois de encontrar uma fonte de alimento, as abelhas executam uma dança elaborada, antes de coletar outros insetos para ir com ela recuperar o resto da comida. Dr. Karl von Frisch, trabalhando com Konrad Lorenz e Niko Tinbergen, ganhou o Prêmio Nobel de Medicina em 1973 por suas descobertas sobre essa “dança”. Eles sugerem que ela é uma mensagem codificada para dizer a outras abelhas exatamente onde e quão longe está uma fonte de alimento, com base no ângulo, velocidade e hora do dia da dança.
 
Alguns pesquisadores, no entanto, insistem que a dança é só para atrair a atenção, e que uma “nuvem de odor” é que é a comunicação real, ou seja, as abelhas podem apenas seguir o cheiro do alimento até sua fonte.
Além de suas habilidades de comunicação, as abelhas são possivelmente capazes de formar mapas cognitivos (para que possam reconhecer pontos de referência e encontrar o caminho para uma fonte de alimento, mesmo que seja um lugar em que nunca estiveram). Também podem completar tarefas de discriminação de cor.
 
Um estudo colocou uma cor específica à entrada de um túnel. No meio do caminho, havia uma bifurcação, com uma opção com a mesma cor e outra com uma cor diferente. A cor correspondente à da entrada era a com alimentos no seu final. As abelhas aprenderam muito rapidamente esse padrão, mesmo quando apresentadas a novas cores. Alongando o túnel, os pesquisadores mostraram que a memória de curto prazo da abelha era de cerca de cinco segundos – quase o mesmo que a das aves.
 
Fonte: Hypescience