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Asteroides atingiram a Terra e a Lua há 4 bilhões de anos

Análise de rochas lunares coletadas durante a missão Apollo 16 permitiu aos cientistas concluir que asteroides, e não cometas, foram os principais responsáveis pelo bombardeio que atingiu o centro do Sistema Solar

asteroides
Há cerca 4 bilhões de anos, a Lua, a Terra e outros planetas rochosos foram bombardeados por uma chuva de asteroides



Um estudo publicado na última edição da revista Science indica que asteroides - e não cometas - foram os principais causadores da série de bombardeios que atingiu a Terra e a Lua há aproximadamente 4 bilhões de anos.

Entre 3,8 e 4 bilhões de anos, o centro do Sistema Solar sofreu uma série de bombardeios de corpos celestes que atingiu os planetas rochosos: Venus, Terra e Marte e também a Lua. "Foi esse fenômeno, que ficou conhecido como Bombardeio Pesado Tardio, o responsável pela formação das crateras lunares. Já na Terra, as marcas desse episódio não são tão facilmente percebidas, já que a superfície terrestre está em constante processo de erosão", explica Fernando Roig, pesquisador do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, que não participou do estudo.

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MODELO DE NICE

É a hipótese de que os planetas gasosos do Sistema Solar (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) migraram até suas atuais posições a partir de uma distribuição inicial mais compacta. O deslocamento desses planetas originou muitos asteroides, que, posteriormente, foram atraídos em direção ao interior do Sistema Solar. Alguns dos asteroides chocaram-se violentamente contra a Terra, a Lua e outros corpos. O modelo ganhou esse nome porque seus defensores estavam ligados ao Observatório de Côte d’Azur, na cidade de Nice, na França.
A equipe responsável pelo estudo, liderada por Katherine Joy, do Centro de Ciência e Exploração Lunar — órgão ligado à Nasa — analisou fragmentos de rochas lunares coletadas durante a missão Apollo 16, quinto pouso na Lua, realizado em 1972.

A análise mostrou que esses fragmentos são bastante homogêneos e semelhantes a um tipo de asteroide. A pouca diversidade do material analisado leva os cientistas a acreditarem que os bombardeios realizados há 4 bilhões de anos foram causados principalmente por asteroides.
Essa descoberta traz uma nova perspectiva para a discussão de quais corpos celestes teriam sido responsáveis pelo fenômeno: até então não se sabia se ele tinha sido causado por cometas, asteroides ou por uma combinação dos dois.

"Muito provavelmente, essa 'chuva' foi formada tanto por cometas quanto por asteroides, mas o estudo mostra que foi prioritariamente causada por asteroides", explica Roig.

O pesquisador indica que, ainda que o estudo não explique o que pode ter causado esse fenômeno, ele vai ao encontro do Modelo de Nice, que acredita que o movimento dos planetas rochosos no início do Sistema Solar foram os causadores da chuva de asteroides.

Próximas descobertas — Os pesquisadores vão continuar analisando pedras lunares para tentar entender a fundo o que aconteceu na nossa vizinhança cósmica há aproximadamente 4 bilhões de anos.

"Estudos adicionais de amostras lunares obtidas de outros locais e a identificação de outros tipos de projéteis vai nos possibilitar uma avaliação estatística da diversidade dos fenômenos causadores dos impactos", afirma Katherine.

Em estudo recentemente publicado na revista Nature, um grupo de pesquisadores defende que essa “chuva” de asteroides pode ter durado muito mais do que se pensava e pode ter promovido a vida na Terra.

Perguntas & respostas

  • Qual a diferença entre asteroide, meteorito e meteoro? Asteroides são corpos celestes menores que planetas que vagam pelo Sistema Solar desde sua formação, há 4,6 bilhões de anos. Meteoritos são pedaços de asteroides que eventualmente atingem a superfície da Terra. Meteoros são os rastros luminosos produzidos por pedaços de asteroides em contato com a atmosfera da Terra, resultado do atrito com o ar, e são popularmente reconhecidos como estrelas cadentes.
  • Meteoritos deram origem à vida na Terra? A hipótese de que a vida veio do espaço, na 'carona' de rochas espaciais, não é o modelo dominante, mas também não se descarta. É o que embasa uma série de pesquisas no campo da chamada astrobiologia. Há também pesquisadores que consideram que o impacto de meteoritos e a formação de crateras favoreceram o aumento da biodiversidade.
  • Meteoritos acabarão com a vida na Terra? Milhares de meteoros atravessam nossa atmosfera todos os dias. A maioria não passa de poeira espacial. Estima-se que uma grande colisão ocorra a cada 100 milhões de anos. A única extinção em massa associada a uma colisão de meteorito foi a dos dinossauros, 65 milhões de anos atrás. Ainda assim, existem pesquisas mostrando que as espécies então já estavam ameaçadas por causa de uma série de razões. O asteroide de 10 quilômetros de diâmetro apontado com o vilão da história teria apenas acelerado o inevitável destino dos dinossauros.
  • O homem pode proteger a Terra de um grande asteroide? Astrônomos monitoram constantemente a aproximação de corpos celestes. A hipótese é improvável, mas caso um enorme asteroide apareça em rota de colisão com a Terra, os cientistas já sabem o que sugerir: em vez de explodi-lo, como no filme Armageddon, desviá-lo. Os pesquisadores consideram factível instalar desde velas especiais para capturar o vento solar até motores de íons.
  • Qual a diferença entre asteroides e cometas? A principal diferença entre o asteroide e o cometa é o material de suas superfícies. Enquanto asteroides são formados por substâncias rochosas, os cometas têm material congelado em sua superfície que sublima quando se aproxima do Sol.

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Fonte:  Veja